“Vecna nasceu no Império de Netheril, na cidade de Fleeth, em -3498 DR. Ele foi inicialmente treinado nas artes da magia por sua mãe, Mazell. Membro da casta inferior do Império, Vecna presenciou sua mãe ser executada pelos governantes de Fleeth pela prática não autorizada de magia. Jurando vingança, Vecna intensificou seus estudos e eventualmente alcançou um domínio das artes das trevas nunca antes atingido por outro mortal.
Ao longo dos próximos 900 anos, Vecna, agora um poderoso lich, subjugou diversas tribos e cidades, criando um terrível reino que ameaçava até mesmo o poderoso Império de Netheril. Alguns afirmam que ele mantinha aldeias inteiras simplesmente para abastecer seus laboratórios com cobaias para seus experimentos arcanos. Outros descrevem campanhas militares onde suas forças aniquilaram cidades inteiras sob ondas gigantes de rocha e terra.
Kas, da Mão Sangrenta, subiu rapidamente de prestígio no reino de Vecna. Enquanto seu mestre passava a se interessar cada vez menos pelo dia-a-dia de conquistas e destruição para se dedicar a estudar a própria essência da morte, Kas tornou-se o instrumento pelo qual Vecna governava. Kas era o porta-voz das decisões do lich, presidindo em seu nome e controlando seu terrível exército.
Como símbolo da autoridade de Kas, e para protegê-lo da intriga de seus outros subalternos, Vecna forjou uma terrível espada para seu comandante, uma arma como nunca havia sido vista. Rezam as lendas que o ferro foi tirado do coração de uma estrela e forjado nas chamas roubadas do sol. Apesar de simples e sem adornos, brilhava com a força do mal. Sua lâmina podia cortar qualquer metal e nunca perdia o fio. Quando Kas a empunhava nenhum oponente podia derrotá-lo.
Criada pelas mãos de Vecna, a espada tinha um espírito maligno, mesmo quando comparada com seu criador. Ela sussurrava nos ouvidos de Kas, alimentando a vaidade e o orgulho do guerreiro. ‘Agora és mais poderoso que seu mestre’, ela dizia. ‘És o verdadeiro governante de todas as terras’. Lentamente ela o seduzia, clamando que usurpasse o trono de Vecna e mandasse o lich para a morte eterna. Gradualmente, pouco a pouco, Kas passou a acreditar na espada.
Quando seu império começava a ameaçar as próprias cidades flutuantes de Netheril, Vecna foi traído e destruído por Kas. A explosão causada pela morte de Vecna arrasou as terras ao redor da capital de seu reino, criando a grande região cinza e rochosa conhecida como Thar. De Vecna sobraram apenas um olho e uma das mãos, artefatos profanos de poder incalculável.
Logo depois da catástrofe, temerosos de que voltassem como poderosos mortos-vivos, sacerdotes de Amaunator desenterraram os restos mortais de Kas e de outros comandantes dos exércitos de Vecna e os levaram para um profundo poço localizado na Grande Geleira ao leste, conhecido como a Procissão das Almas. Ao redor do poço usaram a energia sagrada de seu deus para construir uma tumba onde selaram os cadáveres dos seguidores de Vecna. Para Kas reservaram um destino muito pior: passar a eternidade presenciando a infindável procissão das almas de todos aqueles que morrem em Faerun.
Muitos anos depois, um grupo de arcanistas leais a Kas encontraram a espada de seu comandante entre as ruínas do castelo de Vecna. Eles ouviram rumores de que o legado do lich havia sobrevivido de alguma forma, e trataram de esconder o artefato em um lugar distante e seguro.”
Fragmento do livro “Meleficarium de Fysertarish”