“Além das percepções mortais, além da sua realidade, oculta-se um plano sem limites. Ele atravessa o seu mundo e preenche o vácuo entre todos as demais. É a fronteira entre a terra dos vivos e dos mortos. Lá a mente e a matéria tornam-se um só; pensamento e paixão, medo e ansiedade podem ficar mais tangíveis que o ferro. Este é o Plano Etéreo.
Em algum lugar, escondida dentro das profundezas das brumas etéreas, uma dimensão sombria e inominável é governada por poderes sombrios e inomináveis. Alguns a consideram uma prisão para os amaldiçoados; outros, uma provação para testar a virtude dos justos. Finalmente, muitos chamam-na apenas de lar. Ela é uma terra de névoas e sombras, amor e morte, sacrifício e sedução, beleza e horror. Ela é o lugar onde os temores sussurrados tomam-se reais. São os Domínios do Medo.
Talvez você já tenha sentido seu toque. Por meio dos Poderes Sombrios, os tentáculos das Brumas etéreas que envolvem esta terra se estendem para acariciar o Plano Material. Eles acariciam a pele da sua nuca quando o ranger das tábuas do assoalho lhe avisa que você não está sozinho no escuro. Seus dedos invisíveis descem pela sua espinha quando sombras inumanas rastejam nos limites da sua visão.
As Brumas fazem mais do que meras carícias. Os Poderes Sombrios almejam a inocência e a vilania, o ódio e o desejo, a obsessão e o desespero. Buscam sonhos desperdiçados e demônios interiores; saboreiam a decadência do espírito. As Brumas capturam os seres abissais no momento da ruína dessas criaturas e confundem os heróis em momentos de hesitação.
Mas qual a finalidade dos Poderes Sombrios em acrescentar essas almas à sua vergonhosa coleção? Atormentá-las? Purificá-las? Ninguém sabe ao certo, já que pouquíssimas foram as almas tragadas para os Domínios do Medo que voltaram para contar sua história.”
Trecho do “Encyclicae Daemensionalis”, escrito por Zizedalf Azaervyn