Interlúdio: A busca por Donaar

Kerrhylon Donaar voltou para o coração da Fortaleza da Dor arrastando a carcassa sem vida de Kikera, a líder do conciliábulo de hags que lhe haviam trazido a oferta de Zhengyi.

Pelo que ele havia deduzido das relações de poder entre as antigas comandantes daquele entreposto da Vaasa no Plano das Sombras e o resto das forças do Rei Bruxo, ela e suas irmãs, Berebekan e Katabamda, haviam caído das graças do lich quando certas relíquias que haviam sido ordenadas a buscar foram destruídas por um dos membro da maldita Companhia do Milagre.

O dragonborn ainda podia sentir na boca o gosto amargo da oportunidade que perdeu. O Rei Corvo, responsável pela morte de toda a sua tribo, nunca tão próximo, mas ao mesmo tempo tão longe,
inalcançável além das grades mágicas onde o haviam trancafiado.

Jogando o corpo da hag sobre a mesa, sacou uma de suas foices e rasgou a jugular da bruxa. O sangue negro e viscoso escorreu vagarosamente e se acumulou em uma poça sob seu corpo. Donaar observou por um tempo as feições imóveis de Kikera, seus olhos ausentes das órbitas escuras, tão diferente de quando ela o havia encontrado vagando pelo Plano das Sombras procurando o caminho de volta para Esperança Perdida.

A promessa foi simples: todas as forças de Zhengyi no Plano das Sombras à sua disposição, para atacar e destruir a Corte do Rei Corvo, em troca de antes liderá-las contra os rebeldes que se insuflavam contra o jugo da Vaasa sobre a antiga Damara. Na ocasião, sua mente embebecida pelo aroma da vingança, fez mas sentido do que hoje admitia.

Molhando seus dedos no sangue da hag, recitou o encantamento necessário para acessar as memórias de Kikera e logo começou a enxergar através dos olhos da bruxa.

Observou como ela havia manipulado os sonhos de Darliene, incentivando a halfling a temer por sua segurança.  Espreitou seus amigos entrando nas minas de Bloodstone, enfrentando os mortos-vivos e atravessando o portal para o Plano das Sombras. Asistiu a transformação em Lucinha e sua introdução para Adso, Darliene e Anung un Rama, seu antigo mentor, como uma mera caixeira-viajante. Sentiu a raiva ao ser avisada da morte de sua sobrinha, a Baronesa de Ostel, pelas mãos da Companhia do Milagre. Sempre eles.

O resto havia presenciado com seus próprios olhos. Ainda estava coberto pelo sangue de Berebekan e Katabamda. Como senhor da Fortaleza da Dor, era sua a decisão final sobre quem vivia e quem morria dentro de suas muralhas. Era o mínimo que devia aos seus amigos depois de tudo que passaram juntos.

Chamando uma das sombras para levar o corpo da hag para as fornalhas de almas, sentou-se na cabeceira da mesa e convocou seus comandantes. Colocou de lado a imagem de Rama segurando o frasco contendo seu sangue, as últimas gotas ainda não corrompidas por suas decisões, a última esperança de redenção que ainda restava, e começou a traçar os planos para a guerra.

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