Interlúdio: A Ilha de Sahu

Quando dois grandes marids terminam de empurrar o galeão Scrofula para mar aberto, com o povo de Dhiliz acenando do cais, repleto de esperança pela formação do conselho dos Guardiões dos Nove Selos, a Companhia do Milagre segue em direção à ilha de Sahu. O destino dos heróis permanece envolto em uma densa névoa, com uma tempestade se formando no cume de sua cadeia montanhosa, a qual Farj se refere como sendo a espinha do vishap, devido às suas formações rochosas de picos escarpados que lembram a silhueta de um gigantesco lagarto. A viagem só poderia se dar por navio, pois toda e qualquer magia que já fora tentada para transpor o mar em direção à Sahu falhou imediatamente.

Capitão Ozzo se mostra preocupado com a mudança brusca do tempo sobre a ilha. “Certamente não se trata de uma tempestade comum,” ele diz, e o grupo se recorda da tempestade viva que enfrentaram no entorno da cidade de Sokkar há cerca de 3 meses. Relembram então tudo o que passaram nas 101 noites que experimentaram em Sahu.

A medida em que se aproximam da ilha a situação piora. O grupo corre de um lado para o outro para manter o navio inteiro. e os esforços de Ozzo superam as ondas que parecem ter vida própria atingindo impiedosamente o Scrofula. Após horas de viagem enfim chegam em uma pequena baía ao sudoeste da estátua colossal situada na ponta mais ao norte da ilha, que Neurion identifica como sendo de Uruk Kigal. Segundo textos que leu no Al-azif, a estátua serviu como um farol para o antigo reino de Nycopolis há eras atrás. As ruínas de Nycopolis ficam em um ponto central e elevado da Espinha do Vishap, margeando o Lago dos Espíritos.

No fundo do lago Neurion diz haver uma passagem que os levará diretamente para o subterrâneo. Após confrontar as previsões e mapas astrais feitos pelo astrologista chefe da universidade Dalzim-Alhzred, Farid min Zanni, com seus estudos e anotações do Necronomicon, esta passagem os deixaria diretamente na área do Jardim de Vermissa, também conhecido como o Jardim da Eternidade. Lá encontra-se o selo dos planos, que por ser construído usando como catalisador a metade de um amuleto dos planos, quando ativo impediria que Vermissa controlasse a entrada e saída do plano de Sahu de acordo com sua vontade.

Em meio a uma chuva torrencial, a fraca luz indireta de um sol avermelhado que seguia para seu ocaso dava espaço para relâmpagos e trovões ameaçadores que atingiam a pedra afiada e negra como onix sob os pés dos aventureiros.

Erevan transforma o grupo em névoa. Voando pela ilha até o alto da cordilheira, avistam um grande lago de água negra e insalubre. Às suas margens encontra-se a grande cidade de Nycopolis, com arquitetura monumental e sinistra, erguida com rocha vítrea como obsidiana e com seu plano urbano disposto em um eneágono perfeito, repleto de minaretes, palácios e bazares que pareciam ter sido abandonados ainda ontem. Erevan percebe que toda a região ao redor é completamente desprovida de vida, nenhuma grama ou vegetação nascendo por lá.

Tasseltuff expressa seu desejo de vasculhar a cidade, mas Neurion o repreende rapidamente, informando que tudo naquela cidade era amaldiçoado por Thasmudyan. Qualquer um que se deixasse levar pela ganância e passasse por seus portões, morreria e teria sua alma presa eternamente à cidade.

Toda noite as milhares de almas de seus antigos habitantes se erguem do Lago dos Espíritos e retomam seus antigos afazeres até o raiar do sol, quando somem para reaparecer na noite seguinte. O próprio espírito de Uruk Kigal ainda seguia reinando noite após noite nesta maldição, pagando o preço por ter aprisionado a escolhida.

Com os últimos vestígios de sol no horizonte, o grupo vê milhares de almas saírem flutuando rapidamente para a cidade e em questão de poucos minutos Nycopolis se enche de desvida.

Percebendo que as formas de nuvem não seriam adequadas para passar através da água, Erevan pega um pouco de lama no chão, lança um comando mágico para o lago, bate palmas e abre os braços fazendo com que a água se abra em um caminho para a Companhia passar. Agora em suas formas normais, todos seguem o caminho até o centro do lago.

O cheiro é de putrefação, e a lama atrapalha a movimentação. Quando conseguem avistar um monolito no fim do caminho, Neurion avisa ao grupo que aquela era a passagem que procuravam. Bastaria tocar no monolito e seriam teleportados para uma ante-sala do Jardim da Eternidade, a poucos metros do selo do portal.

Neste momento, Numspa ouve as três notas emitidas pelo olho de Jisan e avisa ao grupo que o perigo estava perto. Quando apressam os passos para alcançar o monolito, a luz da espada de Tau Akuna ilumina as paredes de água ao redor permitindo que vejam estranhas formas tentaculares distorcidas se aproximando por dentro d’água.

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