Interlúdio: A missão do Magnífico Senhor das Sombras

O caminho por Shadowfell era agora mais agradável do que a areia escaldante do deserto. Enquanto andava por aquela paródia sombria do plano material, o velho vishap corroia-se com o ódio que nutria pela Companhia do Milagre, mas sobretudo por Pizentios. No fundo culpava o necromante por ter interferido em seus planos com tamanha arrogância, ansiedade e sede de poder. Kamalaziz havia passado eras lutando para conseguir o coração de Ra-Munn para Vermissa, incontáveis foram seus estratagemas, incontáveis foram seus escravos, mas devido à interferência de Pizentios todo o esforço acabou sendo em vão.

Foi devido a Pizentios, e sua língua maior do que a boca, que um dos membros da Companhia, Marco Rolo, ouviu a respeito da universidade de magia em Dhiliz. Foi devido à Pizentius e sua arrogância e incompetência que os eventos que fizeram com que Neurion Shadowlord acabasse recebendo a energia do coração de Ra-Munn se desenrolassem. Foi devido à Pizentius que o mago da Companhia do Milagre escapou da sua única chance de desfazer a lambança que causara. Não foi à toa que Vermissa o baniu de sua torre e retirou dele seus tesouros como punição até que ele conseguisse recuperar a energia de Ra-Munn, nem que para isso precisasse arrancar a alma do próprio Neurion.

Ao menos agora a alma do necromante estava sendo digerida pela eternidade dentro das entranhas do próprio devorador de almas que ele conjurara. No fim, Kamalaziz conseguiu o que queria, a confiança de Vermissa e Thasmudyan. Ao sacrificar sua vida lutando por Thasmudyan, Vermissa intercedeu por sua alma e ele ganhou de Thasmudyan um espírito renovado com energia sombria. As bençãos de ter se tornado o primeiro e mais poderoso Vishap das Sombras agora estavam completas em definitivo. O truque do druida Erevan em usar o raio anti-magia do observador não funcionaria novamente. A energia de shadowfell agora era parte definitiva de Kamalaziz e ele estaria pronto para arrancar as cabeças dos “Miseráveis Milagreiros”, como ele passou a chamá-los, assim que surgisse a oportunidade. A torre antiga torre de Pizentios agora era seu novo reduto e seu interesse por magia arcana foi despertado de forma dolorosa ao se ver prisioneiro da esfera prismática lançada por Neurion. Um erro que ele não deixaria acontecer novamente.

Contudo, no momento, a fúria de Vermissa era uma preocupação maior. A lich tem toda a eternidade para escapar, mas a frustração de estar confinada na Ilha de Sahu e ver uma chance tão boa escapar por entre seus dedos foi um duro golpe na sacerdotisa de Thasmudyan. Ela subestimou a companhia, não só em seu poder, que culminou com a ativação do selo do portal, mas em sua inesperada habilidade de convocar uma aliança entre os povos de Sahu e formar o ultrajante grupo “Guardiões dos Nove Selos”. Logo após o portal ter se fechado e a energia do selo se estabilizado, um silêncio sombrio tomou conta do jardim. Os olhos de Kamalaziz encontraram a fúria por trás dos olhos de Vermissa e um calafrio percorreu a espinha do dragão do deserto: “Não temos mais tempo a perder. Essa afronta não ficará sem punição. Parta agora conforme conversamos. Em breve seu poder estará totalmente consolidado e será enfim um general de Thasmudyan, mas por hora, preciso que haja como meu embaixador.” disse a lich.

O portal se aproximava e Kamalaziz podia ver o salão repleto de shoggoths que esperavam pela oportunidade de serem libertados com o poder do sacrifício de milhares de almas. As criaturas emitiam seus sons tubulares e abriram caminho para o dragão se jogar no fosso. Contudo, ao invés de cair, o vishap saiu de volta para o semi plano de Sahu. Uma multidão de fiéis ajoelhou quando ele desfez sua invisibilidade e pareceu surgir do nada. “Ó grande Nyarlathotep! – disse fazendo uma reverência – Sou Kamalaziz! O Magnífico Senhor das Sombras e venho em nome da escolhida de Thasmudyan! Trago um pedido de união para agirmos juntos pela glória de Azatoth!”

O pequeno Hassam assumiu uma posição de guarda e se concentrou para alinhar seus chacras para usar seu ki e proteger seu mestre se assim ele ordenasse, mas a presença do dragão fez com que o medo apunhalasse seu coração com puro terror. Ele sentiu a mão de Nyarlathotep sobre sua cabeça, trazendo-o de volta aquele momento: “acalme-se pequenino…” Nyarlatothep olha para Kamalaziz que recebe de volta o mesmo medo que atingiu o pequeno Hassam “Seja bem-vindo, magnífico senhor das Sombras, general de Vermissa, sou todo ouvidos… Toda glória para AZATOTH!” a multidão de fiéis gritou como cultistas fanáticos “AZATOTH! AZATOTH! AZATOTH!”

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