O pequeno Hassan acordara com pesadelos que o assombrariam pelo resto da vida. Por sorte sua mãe estava ao seu lado para protegê-lo.
”Shhh… calma filho. Os homens maus já foram”, disse a mãe enquanto passava a mão sobre a cabeça lisa da criança.
Hassan e sua mãe Jamila lembravam da terrível batalha no templo subterrâneo na qual tentaram dar suas vidas em um ato de fé que justificasse a morte de seu amado Imam. Mas foram privados desta honraria pela magia lançada pelo anão. Por sorte, muitos outros puderam fazer a passagem se atirando no fosso sem fundo.
“Cadê Imaib e Imauash, mama?”
Do seu jeito, Hassan parecia querer não aceitar a realidade. Seus protetores haviam sido mortos.
“Temos que ter fé, filho!”
A mãe beija a testa da criança e lhe oferece um naco de um pão seco com um gole de leite de cabra.
“Coma e levante. É a manhã do terceiro dia. Todos estão indo para a praça em frente à Torre dos tentáculo. Temos que ter fé.”
Mãe e filho se juntam à multidão.
“Na manhã do terceiro dia, ressurgirei no centro da praça sob a sombra da torre dos tentáculos.”
Essas foram as palavras proferidas pelo líder dos tosqueados antes que aqueles impostores profanassem o templo com suas fétidas feitiçarias e seu cruel brandir de espadas.
O sol quebra o crepúsculo e projeta a longa e definida sombra da torre sobre o centro da praça. Uma multidão de cerca de 200 fiéis grita em frenesi: “Imam Sa’ib! Imam Sa’ib! Imam Sa’ib!”
E diante dos seus olhos, como que recomposto pelas sombras, o albino aparece erguendo os braços para seu séquito.
“Louvado seja o Sultão Demônio! Louvado seja Thasmudyan! Aquele que nos protege em meio às adversidades do caos que nos cerca”, grita a multidão e faz reverências em frenesi.
O pequeno Hassan abraça sua mãe em júbilo enquanto sente as lágrimas verterem de seus olhos desprovidos de cílios. Jamila olha para o menino e o pega no colo. Em seguida, ambos observam enquanto Imam Sa’ib se aproxima do corpo de seu filho coberto por uma fina mortalha de linho.
“Durante três dias meu corpo e espírito vagaram por dimensões longínquas, mas, com a ajuda de um guia enviado por Thasmudyan, agora posso trazer de volta meu filho. Volte Imam Jurash, líder dos monges puros das sombras! Vamos juntos nos preparar para a chegada de Thasmudyan. Erga-se!”
Um vento remove e leva para longe a mortalha, a luz do sol oscila com uma rara nuvem no horizonte. Jurash abre os olhos e se levanta. A figura alta de pele morena do monge das sombras sorri de braços erguidos para uma multidão que o aplaude. Ele cerra o punho e o silêncio se faz na praça no mesmo instante.
“Vamos juntos reerguer Moradask! Vou treinar pessoalmente uma nova geração de monges das sombras e dar um exército de fiéis dignos ao meu pai”.
Jamila corre com Hassan até o centro da praça.
“Iman Jurash, treine meu pequeno Hassan!”
Jurash, agora imponente como um faraó, abre os braços para a criança, que corre até sua direção.
Sa’ib se aproxima do filho e sussurra ao seu ouvido:
“Um exército digno de mim, filho?”
Jurash vira-se para Sa’ib e sorrindo lhe diz:
“Não me refiro a você, homem”.
Com o pequeno Hassan no colo, o monge das sombras grita para multidão:
“Saibam agora meu novo nome, o nome de seu novo senhor, NYARLATHOTEP!”
Sa’ib e a multidão se ajoelham em temor, respeito e fé.